Por: Sempre Família
Em 10 anos, Zezé Luz já
ajudou a salvar centenas de bebês, mas nunca se esqueceu do único caso que ela
perdeu
A cantora e líder
pró-vida Zezé Luz é bastante conhecida no meio católico e no movimento
pró-vida. Aos 50 anos de idade, Zezé viaja por todo o Brasil prestando
assistência a mulheres que por algum motivo escolhem o aborto como a solução
para os problemas que vêm enfrentando. Em dez anos de ativismo pró-vida, Zezé
conta já ter salvo 500 bebês do aborto. E perdeu um. Essa é a história que você
vai conhecer hoje.
O próprio testemunho de
Zezé – que abortou uma filha quando era jovem e hoje se arrepende – faz com que
muitas mulheres recorram a ela para buscar ajuda ou consolo. “Obviamente que
quanto mais você expõe a sua história em cada testemunho, pregação e retiro,
mais mulheres vêm completamente feridas”, conta ela.
“Uma vez preguei para
mil mulheres no Rio de Janeiro e uma veio chorando, se ajoelhou aos meus pés e
disse: ‘Eu fiz um aborto e não me perdoo. Eu sofro muito com isso, me ajude. O
meu marido pagou para eu tirar meu filho de dentro de mim, com 6 meses de
gestação. A metade saiu e a outra metade ficou dentro de mim e eu sofri uma
infecção. Fiquei 40 dias em uma UTI, quase morri e não perdoo meu marido pelo
que ele fez comigo’”, conta Zezé.
“São histórias que você
diz: ‘Meu Deus!’ Elas destroem a vida do ser humano. Porque criança é bênção,
filho é bênção. E toda mulher precisa ser amada e acolhida. Ela não precisa
passar por nenhum sofrimento”. É a experiência que Zezé busca proporcionar às
gestantes em situação de vulnerabilidade.
A única perda em 10
anos
Em todos os seus anos
de atendimento às gestantes e defesa dos nascituros, Zezé conta que apenas uma
vez não conseguiu dissuadir uma mulher de fazer um aborto. A moça, uma goiana
de 17 anos, relatou que havia engravidado ao ser estuprada pelo marido de sua
mãe. “Viajei até a cidade dela e fui à sua casa. O aborto estava marcado para o
dia seguinte”, relata Zezé.
“A moça já estava com
tudo pronto para o aborto e conversei com ela no dia, a Elba Ramalho falou com
ela e a mãe dela também, por telefone”, diz a ativista. “A Elba disse que
adotaria a criança. Eu fiquei três dias na cidade, amparada pelos advogados que
a gente tem na rede, por psicólogos e assistentes sociais, oferecendo tudo para
aquela família”.
“Nós nos surpreendemos
quando entrei em contato com o suposto estuprador e ele me disse: ‘Eu não a
violentei. Namoramos há 8 meses e estamos planejando nos casar. Eu namorei a
mãe dela, mas aí me apaixonei por ela e agora a gente está junto’”, relata Zezé. “Eu respondi: ‘Então você tem o direito de
salvar esse filho’”.
“A moça nos enganou,
porque disse que eu poderia ir no dia seguinte às 7 horas da manhã para
continuarmos a nossa conversa, mas a mãe dela a levou para o hospital. O rapaz
foi até lá e a polícia estava na porta”, conta. “Ele foi algemado, mas pôde se
ajoelhar e pediu perdão a um sacerdote no local. Eu entrei no hospital, busquei
o médico que estava fazendo o procedimento e pedi clemência à médica. Avisei
para que ela aguardasse os novos fatos. Fomos ao fórum, levamos habeas corpus,
a delegada entrou no hospital, deu ordem de prisão e pediu para que ninguém
continuasse o procedimento de aplicação do abortivo na veia da adolescente”.
“Naquele dia nós
ficamos no hall do hospital pedindo a Deus para a criança não ser esquartejada.
Enquanto isso a juíza saiu do fórum, foi até o hospital e decretou que a
criança tinha que continuar sendo morta gradativamente pela dosagem do
abortivo”, conta Zezé. “Nesse dia eu precisei voltar para o Rio e de madrugada
a delegada lá da cidade me ligou aos prantos dizendo que a criança havia sido
morta. Era um menino. O rapaz era mesmo inocente. A moça ficou trinta dias
internada com uma infecção, o que prova que não existe aborto seguro: o dela
não foi e nem o meu. Nós criamos uma rede de intercessão para orar para que ela
não morresse”.
“Acho que foi o caso
mais traumatizante, porque eu não havia perdido nenhum bebê até então. E
fizemos o que foi possível como movimento e estrutura de apoio. Tudo por uma
mentira!”, avalia Zezé. A moça havia sido abandonada pela mãe anteriormente e
tinha medo que a mãe voltasse a abandoná-la se soubesse que o seu namorado a
havia traído com a filha.
A vida humana, valor
inegociável
“Nada justifica você
desistir da vida humana. A mulher não precisa sofrer ou sangrar, porque ela
nunca vai apagar da memória e do coração aquela criança que gestou. Eu sou mãe
de duas filhas: uma morta e uma viva”, avalia Zezé. “Se eu pudesse voltar
atrás, eu fugiria como Maria para proteger meu bebê, mas não posso mais fazer
isso. O que posso fazer é lutar para que a cultura de morte não assole essa
nação. Que os governantes tenham essa consciência: a nação não pode se insurgir
sobre ela mesma. Por que o que vai ser daqui para frente? Seres humanos matando
uns aos outros porque simplesmente não aceitam sua realidade de vida?”
Ela diz que, sempre que
atende uma adolescente grávida que está cogitando o aborto, pergunta a ela se
os pais estão sabendo do que está acontecendo. “É que se minha mãe tivesse
conhecimento, ela jamais teria permitido que eu saísse na companhia de alguém e
entrasse em um hospital para fazer o aborto. Ela teria criado a neta, minha
filha”, conta. “Minha mãe usa antidepressivos hoje porque ela diz que a doença
foi agravada por aquilo que fiz. Ela não viveu diretamente esse trauma, mas ela
também sofre com ele”.
Zezé recorda o caso da jovem Rebeca, que solicitou permissão para abortar ao STF por não ter condições
financeiras de criar o bebê. “Então metade da população brasileira vai matar seus
filhos por dificuldade financeira?”, questiona a ativista. “Estamos diante de
partidos que querem promover essa agenda e a gente sabe de onde vêm esses
recursos. Então chega de sujar esse solo e de sujar as mãos de sangue”.
“Que a gente possa
olhar nos olhos de cada criança e refletir essa vida bela e plena que Deus
deseja para nós. Que as mulheres que sofreram algum trauma como eu sofri possam
se levantar recomeçar e voltar à sua consciência e reconhecer sua prática se
reconciliando com Deus e com seu bebê”, conclui.
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